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10.1.17   Páginas assombradas

O Espírito da Ficção Científica: Notícias do mundo hispanohablante

Depois de um fim de ano com uma profusão de matérias sobre Roberto Bolaño que mais ou menos transitavam entre as revistas de fofoca e o colunismo social, a mexicana Gatopardo publica enfim algumas belas páginas que investigam as origens de O Espírito da Ficção Científica, romance de Bolaño que acaba de ser publicado às vésperas do ano 14 desde a sua morte. Disponível ainda só no original, o livro começou a ser escrito quando o chileno tinha 27 anos. Está entre suas primeiras novelas.

No lugar das acusações mútuas e histórias com certo aroma de especulação, que dominaram o noticiário de literatura e opunham sua viúva e herdeira Carolina López e seu ex-editor e amigo Ignacio Echevarría tendo como pano de fundo a recente transferência da obra de Bolaño para uma nova casa editorial, temos o prazer de acompanhá-lo em sua primeira viagem ao Chile depois de 25 anos longe do país natal, onde tinha pisado pela última vez para ver em primeira pessoa a revolução de Salvador Allende e de onde foi expulso apenas porque deu a sorte de encontrar um ex-colega de escola que o livrou da prisão depois de oito dias encarcerado.

Pode ser uma tentativa da nova editora de esfriar a fervura entre familiares e pessoas próximas de Bolaño — o último round da mixórdia ocorreu quando Echevarría creditou à viúva uma tentativa de apagar uma conhecida relação extraconjugal da biografia oficial do escritor e Carolina veio a público pela primeira vez em anos para explicar sua decisão de trocar de editora, escrevendo um texto surpreendente em que alega quebra de confiança do antigo séquito do escritor e expõe até e-mails pessoais (trocados com Echevarría inclusive), mas ignora solenemente tudo o que tenha a ver com sua suposta rivalidade com Carmen Pérez de Vega, a namorada de Bolaño que partilhou com o chileno seus últimos anos de vida.

De qualquer forma, o texto é uma excelente peça na qual se cruzam a gênese de uma literatura anos depois seminal na América Latina com experiências pessoais do jovem Bolaño, o vendedor de lâmpadas da virgem de Guadalupe que traçava com amigos escritores da Cidade do México planos de um movimento para destronar os velhos autores do boom latino-americano.

Linque aqui.

Sobre

Um blogue não é mais uma blague. De agora em diante é uma página assombrada, uma ilusão encontrada, um roteiro de um filme para sempre, um guia útil para uma vida fútil, uma antologia ou mitologia pessoal, uma miscelânea pouco original, uma autoentrevista, um manual passo-a-passo de uma dança imóvel, um mistério a mais no mundo, um papel avulso, uma estranha obsessão, um crime sem castigo, uma adivinhação, um pássaro de uma perna só que foi ciscar e caiu, um suspiro, um minuto de silêncio.

QUEM FAZ

QUEM FAZ
Vitor Pamplona nasceu em Barreiras, interior da Bahia, em 1981. Em Salvador, fez faculdade de direito, mas formou-se em jornalismo. Vive em São Paulo.

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