Depois de um fim de ano com uma profusão de matérias sobre Roberto Bolaño que mais ou menos transitavam entre as revistas de fofoca e o colunismo social, a mexicana Gatopardo publica enfim algumas belas páginas que investigam as origens de O Espírito da Ficção Científica, romance de Bolaño que acaba de ser publicado às vésperas do ano 14 desde a sua morte. Disponível ainda só no original, o livro começou a ser escrito quando o chileno tinha 27 anos. Está entre suas primeiras novelas.
No lugar das acusações mútuas e histórias com certo aroma de especulação, que dominaram o noticiário de literatura e opunham sua viúva e herdeira Carolina López e seu ex-editor e amigo Ignacio Echevarría tendo como pano de fundo a recente transferência da obra de Bolaño para uma nova casa editorial, temos o prazer de acompanhá-lo em sua primeira viagem ao Chile depois de 25 anos longe do país natal, onde tinha pisado pela última vez para ver em primeira pessoa a revolução de Salvador Allende e de onde foi expulso apenas porque deu a sorte de encontrar um ex-colega de escola que o livrou da prisão depois de oito dias encarcerado.
Pode ser uma tentativa da nova editora de esfriar a fervura entre familiares e pessoas próximas de Bolaño — o último round da mixórdia ocorreu quando Echevarría creditou à viúva uma tentativa de apagar uma conhecida relação extraconjugal da biografia oficial do escritor e Carolina veio a público pela primeira vez em anos para explicar sua decisão de trocar de editora, escrevendo um texto surpreendente em que alega quebra de confiança do antigo séquito do escritor e expõe até e-mails pessoais (trocados com Echevarría inclusive), mas ignora solenemente tudo o que tenha a ver com sua suposta rivalidade com Carmen Pérez de Vega, a namorada de Bolaño que partilhou com o chileno seus últimos anos de vida.
De qualquer forma, o texto é uma excelente peça na qual se cruzam a gênese de uma literatura anos depois seminal na América Latina com experiências pessoais do jovem Bolaño, o vendedor de lâmpadas da virgem de Guadalupe que traçava com amigos escritores da Cidade do México planos de um movimento para destronar os velhos autores do boom latino-americano.
Linque aqui.
No lugar das acusações mútuas e histórias com certo aroma de especulação, que dominaram o noticiário de literatura e opunham sua viúva e herdeira Carolina López e seu ex-editor e amigo Ignacio Echevarría tendo como pano de fundo a recente transferência da obra de Bolaño para uma nova casa editorial, temos o prazer de acompanhá-lo em sua primeira viagem ao Chile depois de 25 anos longe do país natal, onde tinha pisado pela última vez para ver em primeira pessoa a revolução de Salvador Allende e de onde foi expulso apenas porque deu a sorte de encontrar um ex-colega de escola que o livrou da prisão depois de oito dias encarcerado.
Pode ser uma tentativa da nova editora de esfriar a fervura entre familiares e pessoas próximas de Bolaño — o último round da mixórdia ocorreu quando Echevarría creditou à viúva uma tentativa de apagar uma conhecida relação extraconjugal da biografia oficial do escritor e Carolina veio a público pela primeira vez em anos para explicar sua decisão de trocar de editora, escrevendo um texto surpreendente em que alega quebra de confiança do antigo séquito do escritor e expõe até e-mails pessoais (trocados com Echevarría inclusive), mas ignora solenemente tudo o que tenha a ver com sua suposta rivalidade com Carmen Pérez de Vega, a namorada de Bolaño que partilhou com o chileno seus últimos anos de vida.
De qualquer forma, o texto é uma excelente peça na qual se cruzam a gênese de uma literatura anos depois seminal na América Latina com experiências pessoais do jovem Bolaño, o vendedor de lâmpadas da virgem de Guadalupe que traçava com amigos escritores da Cidade do México planos de um movimento para destronar os velhos autores do boom latino-americano.
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