Não, não é o acordão para salvar a cleptocracia política. Não são os sucessivos relatos de envolvimento do STF para dar proteção e lustre jurídico à farsa. Não é o complô didaticamente desvelado, explicado, escancarado. Não são as maquiavélicas articulações para blindar bandidos, não são as transações explícitas nem os encontros secretos com barões da comunicação. Não são as menções ao esquema do Aécio, conhecido por todos, ou a seu medo de ser comido, muito menos a confissão de um ex-PSDB de que no ninho tucano não se salva ninguém.
O que verdadeiramente surpreende neste festival de transparência proporcionado pela República do Grampo é a indignação de uma figura sobre a qual, merecidamente, sempre recaem todas as suspeitas. Quando o impoluto Jader Barbalho, ao encontrar Eduardo Cunha e Michel Temer de convescote no Jaburu, leva as mãos à cabeça e diz 'porra, também é demais, né', pedindo respeito aos tradicionais limites da infâmia, clamando para que não se ultrapassem costumeiras velhacarias, que até para os conchavos costumava haver uma linha de vergonha, é porque estamos em situação mais difícil do que a de surdo em bingo.
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