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26.8.14   Crônicas sem castigo

Horário eleitoral


Brasileiros e brasileiras, vocês me conhecem. Há muito tempo estou ao seu lado. Ao lado do meu povo. Meu povo. Vocês e todos os outros. Este ano, mais uma vez, tivemos muitas conquistas, mesmo que os adversários digam o contrário. Quero aproveitar este momento em que se inicia o horário eleitoral para falar com você, que está em dúvida se é hora de optar pela mudança. Eu já decidi. E resolvi dar minha contribuição.

Nada muda tão rapidamente os rumos de um país quanto a morte inesperada de um político importante, do tipo que mesmo derrotado nas urnas, ou fora delas, influencia uma nação anos a fio. Mas confesso: tenho uma predileção pelas tragédias, quando meus biógrafos gostam de me chamar de imponderável. É claro que os gregos antigos continuam insuperáveis naquela alegoria dos deuses e na eterna batalha contra o destino. Eles eram melhores artistas. Mas os últimos tempos até reservam boas recordações neste ramo de deixar países em lágrimas e palácios em pânico. Vocês devem se lembrar. O frio revólver no peito de Getulio abriu a porta do poder para gente que não cruzaria tal soleira com as próprias pernas. A bala que matou Kennedy escreveu mais história do que a pena de Lincoln. O caminhão no caminho de Juscelino bloqueou por décadas este país. E agora esse aviãozinho em Santos, descendo em chamas do céu. Ninguém sabe o que seria de Eduardo Campos, se um dia chegaria lá. Também não sei, não sou adivinho. Mas agora sabemos que não chegará.

A tristeza rivaliza com a perplexidade. Estou acostumado. A origem das tragédias têm uma dupla dimensão, profunda e igualmente humana. Não se trata apenas de sentir a dor. Dela brota a criação. "Minha filosofia: arrancar o homem da aparência, seja o perigo qual for. E nada de medo, mesmo com risco da própria vida!". Poderia adotar esse lema, mas prefiro não exagerar a importância dos filósofos alemães. Melhor lembrar daquele padre fatalista inglês: "A morte de qualquer homem me diminui, porque estou incluído na humanidade".

Por isso, podem contar comigo. Meu nome é trabalho. Fecho caminhos para abrir atalhos. Somente a ingratidão - esta pantera - é a minha companheira inseparável. Nestas eleições, quem representa a mudança sou eu. Mas não peço seu voto. Não preciso. Sempre acabo vencendo.

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Sobre

Um blogue não é mais uma blague. De agora em diante é uma página assombrada, uma ilusão encontrada, um roteiro de um filme para sempre, um guia útil para uma vida fútil, uma antologia ou mitologia pessoal, uma miscelânea pouco original, uma autoentrevista, um manual passo-a-passo de uma dança imóvel, um mistério a mais no mundo, um papel avulso, uma estranha obsessão, um crime sem castigo, uma adivinhação, um pássaro de uma perna só que foi ciscar e caiu, um suspiro, um minuto de silêncio.

QUEM FAZ

QUEM FAZ
Vitor Pamplona nasceu em Barreiras, interior da Bahia, em 1981. Em Salvador, fez faculdade de direito, mas formou-se em jornalismo. Vive em São Paulo.

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