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7.10.11   Crônicas sem castigo

Tudo para os milionários







A felicidade das classes abastadas, cujo lugar no paraíso foi negado por Deus, obrigando os ricos a serem felizes aqui na Terra mesmo, anda ameaçada nos tempos que correm. Crise no mercado de capitais, pânico nas Bolsas, títulos podres a contaminar a exuberância do capitalismo e grandes investidores cabisbaixos, descrentes do lucro fácil, líquido e certo.

Nem na alta do petróleo, esteio seguro que move as nações, pode-se mais confiar. Enquanto isso, não há mais um pobre sequer sem aparelho de DVD ou celular, as garagens da classe média parem carros como coelhos fazem filhotes e a bancarrota, palavra riscada dos dicionários da alta roda desde 1929, reapareceu na cartilha dos banqueiros. Conclusão irrefutável: há um complô mundial contra a riqueza.

Qualquer um que, pelos acasos da vida, tenha sido surpreendido por uma fortuna batendo à sua porta, agora vive impedido de gozar, serena e tranquilamente, de sua frota de carros importados, passeios de iate ou um simples final de semana em Paris.

Ao cidadão abonado, restaram as noites mal dormidas e a angústia de não saber se, no dia seguinte, será obrigado a se desfazer de suas ações em queda para não comer o pão-de-ló que o diabo amassou. E viver, oxalá isso jamais aconteça, como alguém apenas medianamente rico.

"Tudo é produzido para os milhões, nada para os milionários", escreveu o dramaturgo irlandês Bernard Shaw sobre o constrangimento causado pela indústria de massa aos indivíduos da elite, que nunca encontram caviar na feira. E agora, como se não bastasse, nem de um sono tranquilo em seus travesseiros de penas de ganso podem mais desfrutar.

Louvado seja o Senhor, que criou o Federal Reserve, o Banco Central Europeu e todos os demais bancos centrais para corrigir tamanha injustiça.


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Sobre

Um blogue não é mais uma blague. De agora em diante é uma página assombrada, uma ilusão encontrada, um roteiro de um filme para sempre, um guia útil para uma vida fútil, uma antologia ou mitologia pessoal, uma miscelânea pouco original, uma autoentrevista, um manual passo-a-passo de uma dança imóvel, um mistério a mais no mundo, um papel avulso, uma estranha obsessão, um crime sem castigo, uma adivinhação, um pássaro de uma perna só que foi ciscar e caiu, um suspiro, um minuto de silêncio.

QUEM FAZ

QUEM FAZ
Vitor Pamplona nasceu em Barreiras, interior da Bahia, em 1981. Em Salvador, fez faculdade de direito, mas formou-se em jornalismo. Vive em São Paulo.

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