ESPECIAL A arte do convencimento (2) Arrazoado sobre a contribuição da política para o aprimoramento das técnicas de persuasão A barb...
A arte do convencimento (2)
Arrazoado sobre a contribuição da política para o aprimoramento das técnicas de persuasão
A barba do Nazareno, cumprindo os presságios de seu onipotente progenitor, atravessou séculos. Nada muito surpreendente, afinal, ninguém mais que o próprio tinha conhecimento, desde o início dos tempos, diga-se de passagem, da persistência crônica que acomete os pêlos encerrados em ambientes sepulcrais, santos ou não.
Seduzido pelo visual e pela prosódia messiânica – outro traço comum nos convencedores do povo, mas isso fica para depois -, Pedro, um velho amigo da sagrada família, decidiu se mudar para Roma, capital do Império e, por isso mesmo, centro ditador das tendências de moda da época.
A princípio, a idéia de emplacar a barba modelo cristã no outono/inverno romano não agradou muito aos donos do poder (copyright by Raimundo Faoro). Mas a arraia-miúda foi se rendendo aos poucos, na base do boca-boca (assim está escrito na folha mais confiável de então, a Acta Diurna: “Barba Petrus ore-ore traditio”).
Mas Pedro, ele mesmo amigo de muitos ácaros, não se conformou com a fraca repercussão da barba nos corredores do Senatus. Só um lugar restava para ir: Milão, já um centro aglutinador dos estilistas de antanho. Cajado em punho, ia então o descontente Pedro descendo a Via Appia quando avistou um conhecido vindo em sentido contrário. Perguntou:
- Quo vadis, domine? (algo como “qual é a boa, nego?” ou “onde é o reggae, rapá?”)
O outro respondeu:
- A Roma, papá.
Sequer terminara de ouvir as palavras, Pedro deu meia-volta volver. Até os dias correntes, não se sabe ao certo por que o santo homem desistiu do life style milanês e preferiu abrir uma igreja romana. Lavrado em cartório mesmo, só um decreto de um alcaide que a história registra sob a alcunha de Constantino, o Maria-vai-com-as-outras. Daí para a entrada de Pedro na política foi um pulo.
Amigos pessoais (N.E. E lá existe amigo impessoal, rapaz?) do gatekeeper celeste até tentaram incutir na opinião pública a versão de que o encontro da Via Appia havia sido, in loco, uma sessão espírita da qual participara o Filho do Inominável em pessoa. Não há que se duvidar do poder de persuasão daquela barba, mas não dá pra acreditar em história de pescador, quem dirá em amigo de ex-pescador.
Seduzido pelo visual e pela prosódia messiânica – outro traço comum nos convencedores do povo, mas isso fica para depois -, Pedro, um velho amigo da sagrada família, decidiu se mudar para Roma, capital do Império e, por isso mesmo, centro ditador das tendências de moda da época.
A princípio, a idéia de emplacar a barba modelo cristã no outono/inverno romano não agradou muito aos donos do poder (copyright by Raimundo Faoro). Mas a arraia-miúda foi se rendendo aos poucos, na base do boca-boca (assim está escrito na folha mais confiável de então, a Acta Diurna: “Barba Petrus ore-ore traditio”).
Mas Pedro, ele mesmo amigo de muitos ácaros, não se conformou com a fraca repercussão da barba nos corredores do Senatus. Só um lugar restava para ir: Milão, já um centro aglutinador dos estilistas de antanho. Cajado em punho, ia então o descontente Pedro descendo a Via Appia quando avistou um conhecido vindo em sentido contrário. Perguntou:
- Quo vadis, domine? (algo como “qual é a boa, nego?” ou “onde é o reggae, rapá?”)
O outro respondeu:
- A Roma, papá.
Sequer terminara de ouvir as palavras, Pedro deu meia-volta volver. Até os dias correntes, não se sabe ao certo por que o santo homem desistiu do life style milanês e preferiu abrir uma igreja romana. Lavrado em cartório mesmo, só um decreto de um alcaide que a história registra sob a alcunha de Constantino, o Maria-vai-com-as-outras. Daí para a entrada de Pedro na política foi um pulo.
Amigos pessoais (N.E. E lá existe amigo impessoal, rapaz?) do gatekeeper celeste até tentaram incutir na opinião pública a versão de que o encontro da Via Appia havia sido, in loco, uma sessão espírita da qual participara o Filho do Inominável em pessoa. Não há que se duvidar do poder de persuasão daquela barba, mas não dá pra acreditar em história de pescador, quem dirá em amigo de ex-pescador.
(continua)
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